who is she?

pergunta-se a si mesma, com os joelhos junto ao peito, o porquê das noites sem ele serem mais frias, mais escuras. apercebeu-se de que quando menos queria já se tinha envolvido demais. estavam quase sempre juntos, tinha-se habituado à presença dele. e depois de tudo, de tanto tempo, tudo se passou naquela noite. quando, num abraço apertado, os corpos deles se tocaram mais do que apenas se estivessem a tocar; quando os lábios deles formavam a palavra 'amor', os dois, juntos; quando ele lhe passava a mão pelo cabelo e beijava-lhe o pescoço; quando ele lhe olhava nos olhos entre um beijo e, nesse momento, ela soube que ele a tinha. ela soube que era impossível parar. impossível negar o que tanto queria esconder. depois de terminado ele envolveu-a entre o corpo, beijou-lhe a testa e passou a mão pela cara dela, esta estava húmida. olhou-lhe de relance e a expressão dele pedia uma explicação, tal coisa que ela não conseguiria dar-lhe, não naquele momento. apenas limitou-se a pousar um dedo nos lábios dele e sorriu-lhe. naquela noite, não dormiu. o que se tinha passado enchia-lhe a cabeça, impedindo-a sequer de se sentir cansada. tentou recordar-se de um momento que tivera passado de tamanha importância, mas sem sucesso. ele estava ali, tudo o que ela queria estava diante dela. tão calmo. o ambiente era sereno e ela forçou por relembrar todos os instantes que passaram juntos. como era capaz de esquecer? esquecer os dias em que sorriu mais do que alguma vez o tivesse feito, em que foi ela mesma sem ter de fingir, em que ele olhava-a nos olhos e ela corava sem se deixar mostrar, em que ele lhe deu a mão e disse que gostava de a sentir daquela maneira. e, mesmo assim, ela não conseguia relaxar, ao passo que, pairava no ar daquele quarto uma única incerteza, « e se ele se vai? ».