20110911

Gonçalo is speaking # 9

   Tentei mostrar-me indiferente ao choro dela, afinal quem estava mais que magoado era eu e tinha a razão do meu lado. Não o queria fazer, não com ela assim, mas sentia-me obrigado. Espreitei por cima do ombro e a Jéssica estava a olhar-me atentamente ao longe. com os seus braços cruzados, rolei os olhos e olhei para a direcção contrária outra vez. Fiz um esforço para não levantar a voz, mas já sabia o que aí vinha.
     G.:'Que queres agora, Carolina?! Não me digas que te lembraste que existo!!' - rosnei.
   Senti-me bem por o dizer alto e em bom som para ela ouvir mas ao mesmo tempo senti-me ainda mais irritado por me lembrar o que ela me fez. Sem qualquer tipo de remorso esperei que ela me respondesse.
     C.:'Gonçalo, por favor, agora não!' - chorava ainda mais.
     G.:'Agora não?! Mas pensas que és quem, Carolina?! Rejeitaste-me e quando fui de novo atrás de ti ignoraste as minhas mensagens e chamadas! Isto é uma espécie de vingança?! É isso?!'
     C.:'O quê? Gonçalo, não foi porque quis! Eu...'
     G.:'Tu nada, Carolina! Tu nada!! Disseste-me que não e agora digo-te eu a ti!! Não estou para isto nem estou para passar por otário por causa de uma miúda!! Muito menos por tua causa!! Não quero falar mais contigo sequer!!' - rosnei-lhe de novo.
   Antes que ela pudesse responder desliguei a chamada. Os meus olhos estavam cheios de lágrimas mas não ia deixá-las cair, fiquei ainda mais irritado do que já estava. Este dia não podia mesmo melhorar?! Sentia-me a pior merda do mundo! Ainda fiquei a olhar para o ecrã à espera que ela me ligasse mas já tinha falado demais. Ela ficou devastada e eu não me conseguia sentir pior em sabê-lo. Olhei a praia e respirei fundo, passei uma mão pelo meu cabelo e não estava mesmo com cabeça para aturar o que ainda vinha aí. Virei-me para trás e ela ainda estava na mesma posição, exigindo uma explicação com o olhar. Que se foda isto! Fui ao encontro das minhas coisas e comecei a pôr tudo dentro da minha mochila muito bruscamente. Ela ficou parva por eu a ignorar.
     J.:'O que estás a fazer, Gonçalo?'
     G.:'O que te parece?! Estou a arrumar as minhas coisas, vou-me embora!'
     J.:'O quê? O que se passou?!'
     G.:'Não te interessa! Vou-me embora, devias fazer o mesmo!'
   Ela estava mesmo a puxar por mim, se pensava que eu tinha algum sentimento dentro de mim por ela estava tão enganada, ela que não quisesse o pior. As minhas mãos tremiam e não havia maneira de ficar mais calmo, só me apetecia sair dali e mandar tudo com o caralho! Ela agarrou-me o braço. Oh não.
     J.:'Gonçalo, não vais mesmo fazer isto pois não??'
     G.:'Estás a brincar?? O que te parece?! Ainda não entendeste que estou fora de mim?!'
     J.:'Mas podíamos conversar sobre isso, eu podia ajudar-te!'
   Eu soltei uma gargalhada alta e ela ficou parada a olhar para mim sem ter entendido.
     G.:'De certeza que querias conversar, aliás, fazias de tudo para teres a oportunidade de te foder! Era assim que me querias ajudar?!' - sorri irónicamente.
     J.:'Mas tu pensas que és quem??!'
     G.:'Alguém que definitivamente não quer saber de ti! Arranjas outro para me substituir rapidamente querida, continua com essa atitude de puta! Estou no ir!'
   Agarrei as minhas coisas e fui em direcção à carrinha eu ouvia-a a gritar pelo meu nome, como se eu quisesse saber, estava farto de gajas! Entrei na carrinha e estava furioso, bati no volante com os punhos e quase me deixei chorar, nem sei tudo aquilo que sentia naquele momento! Meti as chaves na ignição e liguei a carrinha, saí o mais rápido possível dali.


   Estacionei a carrinha na garagem e fui buscar a minha prancha à mala, meti-a debaixo do braço e fechei o carro. Entrei pela porta da garagem que dava acesso à cozinha, cheguei a casa por fim. Não estava a contar era ter que enfrentar a minha mãe, ainda me sentia irritado, mas não era capaz de a tratar mal.
       M.:'Está tudo bem? Por onde andaste?'
       G.:'Mãe estou um bocado chateado, importaste que não fale agora? Fui à praia, surfar um bocado.'
       M.:'Hmm, está bem, falamos mais tarde se quiseres.'
       G.:'Obrigado.'
       M.:'Trata de arrumar o teu quarto e vê se tomas um banho, traz essas roupas para lavar depois, o jantar já está quase pronto.'
   Acenei que sim com a cabeça e subi as escadas para o meu quarto, este dia deixou-me exausto e demasiado em baixo. Mandei uma mensagem ao Bernardo.
     *Precisamos de falar quando tiveres tempo, são coisas sérias. Abraço*
   Deitei-me na cama tentando acalmar o monstro que havia acordado em mim. Finalmente paz e sossego. A certo momento apetecia-me espetar com tudo no chão, quer dizer tudo o que ainda não estava no chão, mas depois teria que ouvir a minha mãe e provavelmente o meu pai e, simplesmente, não estou para isso. Fiz a cama, arrumei a minha tralha e preparei-me para um duche. A água morna relaxava todos os músculos do meu corpo e deixei-me ficar debaixo do jacto o que parecia uma eternidade. Finalmente peguei no shampô e esfreguei a cabeça com ele, seguidamente pus um pouco de gel de banho ma mão e passei por todo o meu corpo, tirando as areias das pernas e dos pés. Quando acabei limpei-me e enrolei a toalha à volta da cintura, debrucei-me no lavatório e olhei-me no espelho. Que vida era esta? Deixei a casa de banho, que fica no meu quarto, e fui de encontro à cama que tinha em cima uns boxers lavados e uns calções. 
   Precisava de me distrair, de tudo, e ainda bem que o Bernardo chegava no dia a seguir, é um alívio apesar de ainda não me ter respondido à mensagem. Sentia um vazio enorme no peito, ardia ainda mais quando pensava nisso, tornava-me mais fraco e entre pensamentos apeteceu-me tanto ligar à Carolina, eu sabia que ela me iria fazer sentir melhor mas esta tarde eu perdi tudo isso. O que mais podia acontecer?
       M.: 'Gonçalo, o jantar está pronto!'
       G.: 'Estou a ir!'

12 comentários:

  1. que saudades que tenho de falar por papeis contigo :( xd
    está, estou a curti milhões *-*

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  2. sabes como é, eu prefiro ouvir os stores do que te ouvir a ti (a) muahahahha xd

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  3. isso é só em BG, em Bg prefiro ouvir-te a ti do que à stora, obviamente, era a stora que menos gostava, ainda bem que não a vou ter este ano, louvado seja Deus xd ufffffffffaaaaa

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  4. ehehehehehhe, sabes como é, eu sou insubstituível (a)

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  5. I know, I know, I'm special and unique xd muahahahaha

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